TRILHO LIVRE - grupo de evasão em BTT

Travessia do Alentejo Fronteiriço
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Travessia do Alentejo Fronteiriço
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Travessia do Alentejo fronteiriço de 12 a 17 de Setembro de 2005

Quando germinou esta ideia de travessia, a intenção era fazê-la em autonomia total.
No entanto, a minha companheira manifestou a intenção de me acompanhar de carro, fazendo o trajecto por estrada, visitando outros sítios e, ao mesmo tempo, fazendo de carro de apoio caso eu necessitasse.
Contava acabar cada etapa ainda a tempo de também usufruirmos da companhia um do outro e de visitarmos juntos os locais.
Assim foi feito e aqui segue um resumo 

Etapa 1 –VILA VELHA de RODÃO- CASTELO de VIDE
46 km
Foi nesta localidade encravada entre montes e vales e bordejada pelo rio Tejo que começou esta minha travessia.
Depois do pequeno almoço tomado num café arranquei em direcção à ponte que me permitia transpor o rio para a sua margem esquerda e seguir em direcção à fronteira.
Ao sair da estrada fui contornando o rio pela sua margem num serpentear constante através de um estradão abundante em seixos e onde a vista era magnífica.
Em Salavessa, pequena aldeia, procurei a fonte e encontrei-a sem pinga de água.
Rodava-se a torneira e...nada. O café onde poderia abastecer estava fechado. Como ainda havia água suficiente no Camelbak e não me preocupei, certamente na próxima localidade haveria água
A seguir a Salavessa foram alguns quilómetros pelo alcatrão, inicialmente a subir mas depois, claro, pagando a factura e subindo praticamente até Pé da Serra. Aí, de novo constatei que da fonte local não vertia qualquer líquido. 
Por sorte, uma anciã observou a minha ânsia e ofereceu-se para me encher o bidão com água fresquinha do frigorífico. 
“-então vens de onde? de Montalvão ?”.perguntou ela,
disse-lhe que vinha de Vila Velha de Rodão e que ia para Castelo de Vide.
Fez uma expressão que me pareceu denotar não saber onde era Castelo de Vide ou acreditar na dimensão da minha estirada ciclística.
Reduzi então o universo geográfico e disse-lhe que vinha de Salavessa e ia para Póvoa e Meadas.
“ ah, Ainda falta um bocadinho”.- disse-me então já situada
Até Castelo de Vide foi pedalar por entre muros e muretes rodeado por calhaus e pedras.
A calçada romana que sobe para castelo de Vide é bonita de se fazer mas a anormalidade deste país mais uma vez se faz sentir pois a mesma foi ALCATROADA  já perto do topo por forma a que os habitantes de umas poucas casas recentes pudessem ter um caminho alcatroado. 
Só mesmo neste país. Ainda vivemos na alarvidade.  
Estava terminada a 1.ª etapa sem grandes dificuldade e por volta das 17 h já andava eu e minha «apoiante» a visitar Castelo de Vide.
Nesse dia, dormimos na Albergaria El rei D.Manuel em Marvão. Tratando-se de uma noite de 2.ª para 3.ª feira, o silêncio era quase total e Marvão estava quase só para nós. 
Reconfirmei que; Marvão é a mais bela vila de Portugal onde cada canto é um encanto.

Etapa 2- CASTELO de VIDE-CAMPO MAIOR
86 km
Por volta das 9 h a minha companheira deixou-me em Castelo de Vide para que eu iniciasse a etapa.
De Castelo de Vide até Marvão seriam 12 kms com a Serra da Urra pelo meio. A ascensão a esta serra foi feita quase sempre a pé pois o caminho estava intransitável devido aos restos do corte de eucaliptos que foram deixados por ali,. Depois queixam-se que o país arde. Mais alarvidade. 

A única parte divertida destes quilómetros foi mesmo a descida da serra por um trilho entre pinheiros e fetos e com a roda traseira a derrapar. A subida para Marvão apesar de longa não foi muito penosa, é feita por alcatrão e já na parte final por uma antiga calçada que acaba nuns degraus já à porta da muralha da vila.
Cheguei lá com um furo que me deu trabalho a solucionar. 
Sai-se de Marvão por uma trepidante calçada que já conhecia pois já a havia subido e descido em outras várias ocasiões que para ali fui pedalar.
O resto da etapa é engraçada mas demasiado cansativa para se tirar proveito da paisagem, ou então eu estava naqueles dias em que não tinha vontade de andar de bicicleta e em que tudo nos parece feio. Acho também que o tempo que perdi a remendar o furo me cortou o ritmo.
Grande parte da paisagem encontra-se carbonizada pelos fogos o que a desfeia bastante. 
A seguir a Esperança começam as planícies alentejanas sem fim à vista e ainda a alguns quilómetros de Campo Maior já se sentia no ar o cheiro a torrefacção de café. No início gosta-se do cheiro depois enjoa-se :-&
Nessa noite ficámos no Hotel Santa Beatriz de Campo Maior e demos um «saltinho» a Badajoz.

Rio Tejo
O estradão junto ao rio tejo
Vila Velha de Rodão em fundo

Castelo de Vide
Castelo de Vide-Calçada romana
calçada romana

Salavessa
Placas de direcção jundo ao açude
Placas de direcção jundo ao açude

Bike e Tejo
subindo o Tejo depois de Vila Velha de Rodão
estradão acompanhando o rio Tejo

Moinho de água
moinho ou habitação ? ou ambas? ou nenhuma ?
um antigo moinho de água sem água

Etapa 3 CAMPO MAIOR-VARCHE (ELVAS)
35 km

Era uma etapa com pouca quilometragem e ainda menos dificuldade.
Mesmo assim decidi sair cedo de Campo Maior.
Depois de uma volta pela vila e ao redor do castelo, segui sempre por asfalto até à Barragem do Caia.. Aqui gostei de ver, pela primeira vez água em abundância pelo Alentejo seco... 
 
Pouco depois de cruzar a linha férrea em Caseta de Safardel encontrei um tanque de água no meio de quase nada e não levei muito tempo a decidir-me a entrar nele.
Começava a fazer calor; e soube-me como me senti; pato. 
Até Varche foi sempre a pedalar rápido pela planura, entre olivais, montado e pelo meio dos abundantes excrementos de bovinos.
O ritmo era apenas intervalado pelo abrir e fechar de algumas das cancelas e portões. A certa altura depois de abrir uma cancela deparei com um placard com um anúncio original, “Passagem sujeita a demora devido aos pivots de rega”. 
 
O enorme afluxo de trânsito por aquela zona por certo agradece a informação.
Cheguei a Varche e à estalagem “Exaldai” a tempo de almoçar, dormir a sesta, dar um mergulho na piscina e depois dar um saltinho a visitar Elvas onde jantámos.
Etapa 4- VARCHE-MONSARAZ
95 km
Esta sim, acabou por ser a etapa rainha desta travessia mas também a mais «puxada» devido ao alargamento do Guadiana e dos seus braços de rio.
Levantei-me bem cedo, tomei o pequeno almoço e lancei-me ao percurso.
Um largo estradão e algum alcatrão deixou-me junto à capela da Senhora da Ajuda e à antiga e arruinada ponte de Olivenza.
Aqui desci até ao nível do Guadiana e fui pedalando pelo sobe e desce por entre bovinos desconfiados, ovinos e caprinos assustados e fugindo de caninos desaçaimados, até que vislumbrei o castelo de Juromenha lá no alto. Só que para subir até ele e à aldeia adstrita tive de andar a inventar trilhos porque o original estava submerso pelo Guadiana.
Visitei o castelo que se encontra em enorme estado de abandono mas que ainda conserva a sua beleza e magnificência.
Um local realmente bonito Juromenha.
Em conversa com a proprietária do café da aldeia, onde abasteci de água, foi-me dito da intenção de um empresário de recuperar a fortaleza para turismo de habitação. Espero é que a «burrocracia» deste país consiga isso em tempo útil.
Desci de Juromenha e, mais uma vez, junto ao rio tive de contornar por várias vezes o alargamento do rio e acabei mesmo por ter de atravessar com água pela cintura por forma a poupar alguns quilómetros.
Como o meu track de GPS, era de 2003, a ribeira de Lucefecit que por esses dias devia ser apenas mesmo um ribeira, devido ao fecho das comportas do Alqueva transformou-se numa Albufeira.
Esta aventura de contornar o Guadiana implicou que no final da etapa a quilometragem subisse em mais 15 quilómetros que o anunciado.
Depois dos Montes Juntos já se acentuava o «empeno» Drool desta etapa e foi já a «queimar óleo» que arribei à localidade de Telheiro onde me esperava o descanso na piscina da “Casa Saramago de Monsaraz”, local de pernoita.

Caseta de Safardel
tanque de rega em caseta de Safardel
tanque de rega

Barragem do Caia
A caminho de Varche com o Caia em fundo
o Caia em fundo

Barragem do Caia
local de nidificação de aves aquáticas

Fortaleza de Juromenha
Juromenha

Juromenha
do outro lado é Espanha
banco com vista sobre o Guadiana

Juromenha-Muralha do castelo
Juromenha-Olhando o Guadiana na Muralha
Olhando o Guadiana

Rio Guadiana
A foz dos pardais no guadiana
Foz dos Pardais

Senhora da Ajuda
ponte da Sr.ª Ajuda
Antiga ponte para Olivença

Etapa 5 MONSARAZ-PIAS (SERPA)
78 km
Esta etapa começou com a subida ao castelo de Monsaraz onde tirei uma fotos para a posteridade e algumas num «urban» pelas escadas da aldeia muralhada. 
 
Depois foi muito alcatrão até à ponte que passa pelo Guadiana.
Foi a etapa da planura e algo monótona, mas feita a um ritmo elevado e sem interrupções pois pouco havia que merecesse a atenção.
Nessa noite ficámos na casa de um casal amigo que trocou há uns anos Lisboa pela quietude de Pias.

Etapa 6 - PIAS-MÉRTOLA
83 km
Esta foi talvez a etapa que mais gozo me deu fazer.
O dia estava excelente para se pedalar; céu nublado, uma brisa ligeira que não pertrubava a progressão e não se sentia calor algum.
Saí de Pias acompanhando uma antiga linha férrea desactivada num constante sobe e desce por estradões pedregosos onde invariavelmente com a ajuda da gravidade, a descida anterior nos alcandorava à transposição da subida seguinte. 
 
Desci então junto ao Guadiana onde a beleza e a calma junto a um antigo moinho de água era quase indiscritível. 
Poucos quilómetros depois a paisagem mudava radicalmente e começava a serra de Serpa e a sua transposição. Por aqui senti a sensação de estar sozinho no mundo.
A serra de Serpa, ou as serras da Serra de Serpa, foi algo único de se fazer, Invariavelmente subia para pedalar pela cumeada durante poucos quilómetros para logo descer novamente. Foi assim durante quase 40 quilómetros, onde no sentido dos 4 pontos cardeais não se vislumbrava aldeia ou vivalma.
Por aqui e já na parte «civilizada», encontrei um casal de ciclistas belgas que viajava em autonomia e se dirigia para visitar o Pulo do Lobo. Falámos um pouco das nossas aventuras e seguimos em caminhos opostos.
O primeiro contacto com a civilização foi na solitária aldeia de Corte de Sines onde ao entrar no café local silenciei as pessoas tal deveria ser a imagem que apresentava de alguém saído do deserto, tisnado pelo sol e sujo do pó e sedento de líquido.
Mértola era já a seguir e fui terminar esta minha travessia, com um mergulho na praia fluvial das Minas de São Domingos.  

Monsaraz
Escadas na Igreja
Descida de escadas

Monsaraz
«urban» ride in Monsaraz
as ruas da aldeia

Monsaraz
vestígios de outrora
ponte Romana

Monsaraz
duas rodas a mesma tracção;o animal é que muda
estacionamento de veículos de duas rodas

Monsaraz
Calçada Medieval
calçada medieval com Alqueva em fundo

Pias
a "montanha russa" «Piana»
no sobe e desce

Rio Guadiana
Rio Guadiana dividido
represa de moinho de água

Pias
Era uma vez um comboio...
A linha férrea desactivada

Serra de Serpa ou...
Nada de civilização...as far as the eyes can see
as serras da Serra de Serpa

Minas São Domingos
banho final
praia fluvial

Marvão-entrada da vila
Mavilde  a apoiante
A «apoiante» e a viatura de apoio